O Programa Universidades Inovadoras e Sustentáveis foi lançado no Festival Curicaca, na terça-feira (7/10), como iniciativa do Ministério da Educação, em parceria com o Novo Brasil-Plano de Transformação Ecológica (MF), Nova Indústria Brasil (MDIC), Advocacia Geral da União (AGU), Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e Ministério do Meio Ambiente e Mudança Climática (MMA) voltada a fortalecer o papel das universidades federais como polos de inovação e sustentabilidade.
O programa parte do diagnóstico de que, embora a produção científica brasileira tenha avançado significativamente — colocando o país na 14ª posição mundial em publicações científicas indexadas —, ainda há um grande descompasso entre pesquisa e inovação. A transferência de tecnologia e a relação entre universidades e empresas permanecem limitadas por barreiras burocráticas e pela baixa profissionalização dos Núcleos de Inovação Tecnológica (NITs). No campo das patentes registradas, o Brasil ocupa apenas a 27ª posição no Escritório de Patentes dos Estados Unidos (2022), com cerca de 250 registros naquele ano, evidenciando o chamado “vale da morte” entre a geração de conhecimento e sua aplicação prática.
O secretário-executivo adjunto do Ministério da Fazenda, Rafael Dubeux, participou do evento, que integra a 5ª Semana Nacional da Educação Profissional e Tecnológica (SNEPT), com o tema “Juventudes que inovam, Brasil que avança”. Durante sua participação, Dubeux destacou o Programa Universidades Inovadoras e Sustentáveis, que visa fortalecer o papel das universidades federais como polos de inovação e sustentabilidade, conectando ciência, empresas e sociedade. “Precisamos transformar as universidades em ambientes dinâmicos de inovação, capazes de impulsionar a neoindustrialização e a transformação ecológica do país”, afirmou Dubeux.
A realização do festival Curicaca reforça a importância da colaboração entre governo, universidades e setor produtivo para transformar o conhecimento científico em soluções concretas para o desenvolvimento sustentável do país.
A chamada tem três eixos principais:
Segurança jurídica – capacitação de procuradores das universidades e criação de fluxos e minutas padronizadas para parcerias ICT-empresa;
Aceleração de NITs – apoio à profissionalização e ao fortalecimento de 20 NITs no primeiro ciclo, com recursos financeiros, trilhas de capacitação e consultoria técnica individualizada;
Nova Indústria e Transformação Ecológica – promover a integração entre universidades, setor produtivo e as missões industriais da Nova Indústria Brasil.
O objetivo é transformar as universidades federais em ambientes dinâmicos de inovação, capazes de conectar ciência, empresas e sociedade, impulsionando a neoindustrialização e a transformação ecológica do país.
O Brasil enfrenta hoje um déficit estrutural na formação de profissionais em áreas STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática) — justamente aquelas que sustentam a transformação digital e a transição para uma economia de baixo carbono. Atualmente, menos de 18% dos concluintes do ensino superior brasileiro estão em cursos STEM, proporção inferior à média dos países da OCDE (25%). Ao mesmo tempo, a demanda por profissionais qualificados nessas áreas cresce rapidamente: setores como tecnologia da informação, engenharia, energias renováveis e biotecnologia têm milhares de vagas abertas por falta de profissionais com formação adequada.
A lacuna se agrava quando observamos a desigualdade regional e de gênero: o país ainda tem uma baixa participação de mulheres e estudantes do Norte e Nordeste em cursos tecnológicos e de engenharia, o que limita a diversidade e a inovação.
Para enfrentar esse desafio, o Ministério da Educação está criando 5 mil novas vagas em cursos STEM nas universidades e institutos federais — sendo 1,5 mil ofertadas a partir do ENEM 2025 e o restante no ENEM 2026. O objetivo é formar uma nova geração de cientistas, engenheiros e tecnólogos capazes de liderar a neoindustrialização brasileira e dar suporte à agenda de inovação e sustentabilidade do país.
Parceria Ministérios da Educação e da Fazenda
O Novo Brasil – Plano de Transformação Ecológica é a estratégia do Governo do Brasil para alinhar o desenvolvimento econômico brasileiro à transição global para uma economia de baixo carbono. Coordenado pelo Ministério da Fazenda, o plano organiza políticas públicas em seis eixos — finanças sustentáveis, adensamento tecnológico, bioeconomia e sistemas agroalimentares, transição energética, economia circular e infraestrutura verde e adaptação — com o objetivo de gerar empregos de qualidade, reduzir desigualdades e promover prosperidade com sustentabilidade.
A inovação é o elo central dessa agenda: é por meio dela que o país poderá desenvolver tecnologias limpas, aumentar a produtividade industrial e criar novos modelos de negócio baseados em ciência e conhecimento. A parceria com o MEC no Programa Universidades Inovadoras e Sustentáveis integra justamente essa visão, fortalecendo os núcleos de inovação das universidades e conectando a produção científica nacional às missões industriais e tecnológicas.
Para a gerente de Projetos da Secretaria Executiva do Ministério da Fazenda, Carina Vitral, “esse edital será uma oportunidade para aproximar as universidades dos desafios tecnológicos e coloca-las no centro de um projeto de desenvolvimento sustentável, inclusivo e inovador.”
O ministro da Educação, Camilo Santana, acrescenta: “Nós temos discutido com reitores das universidades a respeito da necessidade de a gente ofertar cursos mais conectados com o mundo atual do trabalho, na área da ciência, tecnologia, engenharia, matemática, que traga robótica, inteligência artificial e novas matrizes energéticas que hoje nós estamos discutindo no mundo inteiro. Então, é inovar e ofertar dentro das nossas instituições cursos conectados com o atual mundo do trabalho”.
Link da noticia – Ministério da Fazenda