Arrecadação das receitas federais tem o melhor mês de julho em dez anos e cresce 4,6% em 2025 — Ministério da Fazenda

21/08/2025 - [RFB] Coletiva Arrecadação

A arrecadação das receitas federais manteve, em julho de 2025, desempenho robusto, alcançando R$ 254,2 bilhões, o melhor resultado para o mês em dez anos. O valor representa crescimento real de 4,57% em relação a julho de 2024 e confirma a tendência de expansão observada ao longo do ano. No acumulado de janeiro a julho, a arrecadação somou R$ 1,67 trilhão, alta real de 4,41%, também a maior para o período desde 2015.

As receitas administradas diretamente pela Receita Federal do Brasil (RFB) somaram R$ 239 bilhões em julho de 2025, um crescimento real de 5,75% em relação ao mesmo mês do ano passado. No acumulado de janeiro a julho de 2025, essas receitas totalizaram R$ 1,60 trilhões, alta de 5,15% na comparação com o mesmo período do ano passado.

Segundo o chefe do Centro de Estudos Tributários e Aduaneiros da Receita Federal, Claudemir Malaquias, o desempenho positivo da arrecadação é atribuído a uma combinação de fatores macroeconômicos. “Tivemos queda da produção industrial de 2,17% e recuo de 2,96% nas vendas do comércio. Por outro lado, os serviços avançaram 2,76% e a massa salarial cresceu 10,57% em termos nominais. Também houve aumento de 3,28% nas importações medidas em dólares. A conjugação desses fatores ajuda a explicar o desempenho da arrecadação em julho”, explicou.

Malaquias também chamou atenção para fatores atípicos. “Identificamos, neste mês de julho, um montante de R$ 3 bilhões em arrecadação considerada atípica de Imposto de Renda e Contribuição Social, vinculada principalmente aos setores financeiro, de mineração e de petróleo”, afirmou.

De acordo com o auditor da Receita Federal, também foram excluídos os valores decorrentes da tributação dos fundos exclusivos e o diferimento do pagamento de tributos em razão da calamidade no Rio Grande do Sul, fatores que não se repetiram este ano. Com a exclusão desses elementos, explicou Malaquias, o crescimento real da arrecadação de julho, na comparação anual, passa de 5,75% para 4,87%. “Ainda assim, na mesma ordem de grandeza: em torno de 5%”, concluiu.

IRPJ/CSLL

A arrecadação do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) registrou crescimento real de 8,38% em julho, o equivalente a R$4,6 bilhões a mais em relação ao mesmo mês de 2024. O desempenho foi impulsionado por um aumento de 15,6% nas estimativas mensais, resultado da queda no recolhimento do setor financeiro, da ordem de 6%, e da expansão de 20,7% entre as demais empresas.

No balanço trimestral, o crescimento foi de 1,78% frente a julho do ano passado, enquanto no regime de lucro presumido, recolhido na forma trimestral, a alta real alcançou 8,21%. “Esses dois tributos [IRPJ/CSLL] guardam uma sintonia muito grande com o desempenho das empresas. À medida que elas vão estimando ou reestimando o seu resultado financeiro, têm a obrigação legal de recolher o Imposto de Renda e a Contribuição Social”, afirmou.

Análise por tributo e setores

A Receita Previdenciária arrecadou em julho R$ 58,2 bilhões, crescimento real de 3,41%. De acordo com o coordenador de Previsão e Análise da Receita Federal, auditor-fiscal Marcelo Gomide, a alta está associada, principalmente, à evolução da massa salarial. “Além disso, neste ano estamos menos desonerados em relação à folha do que em 2024, o que também ajuda a explicar o resultado”, observou.

No caso do PIS e da Cofins, que somaram R$ 49 bilhões em julho, houve alta de 2,89% puxada pelo consumo. “A arrecadação é bastante influenciada pelo consumo, capturado pelos indicadores do IBGE, como a PMC e a PMS. Esses dados ajudam a explicar o resultado, mas também há contribuição importante do setor financeiro como em meses anteriores”, destacou.

O Imposto de Renda Retido na Fonte sobre rendimentos do trabalho chegou a R$ 18 bilhões, alta de 6,68%, em linha com o avanço da massa salarial. Já a arrecadação sobre os rendimentos de residentes no exterior somou R$ 6,9 bilhões, alta de 16,27%.

O IOF arrecadou R$ 6,5 bilhões em julho, aumento real de 13,05%. Gomide explica que a base de comparação do imposto em julho é similar à de 2024 e os efeitos do decreto que altera as alíquotas do tributo é residual, pois a decisão do Supremo Tribunal Federal alcançou apenas o último decêndio do mês, cujo recolhimento ocorre em agosto. “Então, no mês de julho nós quase não tivemos efeito. Agora cresceu. E onde está este crescimento? No crédito pessoa jurídica e nas operações de câmbio”, explicou o auditor.

Entre outros tributos, a arrecadação do IR sobre rendimentos de capital alcançou R$ 9,9 bilhões, influenciada pela taxa Selic, enquanto o Imposto de Renda da Pessoa Física somou R$ 6,1 bilhões, beneficiado pelas cotas de declaração e pela nova regra de tributação de investimentos offshore, que passou a ser recolhida no ajuste anual. “No geral, o que observamos em julho foi um crescimento sobre uma base que já não era pequena, em linha com o comportamento registrado nos meses de maio e junho.”, concluiu Gomide.

Destaques de janeiro a julho

No acumulado de janeiro a julho, a arrecadação federal foi influenciada por um conjunto de fatores macroeconômicos e setoriais. A produção industrial cresceu 1,19% frente a 2024, as vendas de bens avançaram 0,55% e os serviços registraram expansão de 2,6%. A massa salarial, em termos nominais, apresentou alta de 11,9%, enquanto as exportações em dólar cresceram 7,37%. “Todos esses indicadores apontando para crescimento demonstram a tração da economia, o ritmo da atividade econômica. E isso está refletindo no resultado da arrecadação”, afirmou Claudemir Malaquias.

Entre os tributos, o PIS/Pasep e a Cofins acumularam R$ 333 bilhões, com crescimento real de 4,64%. Esse resultado decorre do aumento de 0,55% no volume de vendas e de 2,59% no volume de serviços. “Também se destaca o desempenho positivo das entidades financeiras e das atividades de exploração de jogos de azar e apostas, em razão de alterações na legislação”, explicou o chefe do Centro de Estudos Tributários e Aduaneiros da Receita Federal.

A Receita Previdenciária chegou a R$ 405,7 bilhões no período, alta real de 3,74%. Esse resultado se deve ao crescimento real da massa salarial. Além disso, houve aumento de 13,64% nas compensações tributárias com débitos de receita previdenciária e também a reoneração escalonada da contribuição patronal dos municípios e da folha de pagamentos.

Já o Imposto de Importação e o IPI vinculado somaram R$ 72,6 bilhões no período de janeiro a julho de 2025, com crescimento real de 23,01%. O desempenho pode ser explicado pelos aumentos de 7,37% no valor em dólar das importações, de 10,99% na taxa média de câmbio, de 10,94% na alíquota média efetiva do Imposto de Importação e de 1,56% na alíquota média efetiva do IPI vinculado.

“Lembrando que temos os efeitos da calamidade do Rio Grande do Sul que se reflete principalmente no PIS/Cofins, contribuição previdenciária e imposto de renda e CSLL, que fazem com que a base de comparação de 2024 esteja um pouco menor. Então isso daí ajuda a explicar um crescimento [da arrecadação] em alguns tributos”, complementou o coordenador de Previsão e Análise, Marcelo Gomide.


Confira a coletiva de imprensa realizada nesta quinta-feira, 21/8/, para divulgar a arrecadação federal 

Link da noticia – Ministério da Fazenda