Dívida Pública Federal encerra agosto em R$ 8,145 trilhões, aponta relatório do Tesouro Nacional — Ministério da Fazenda

30/09/2025 - [STN] Divulgação do Relatório Mensal da Dívida

O estoque da Dívida Pública Federal (DPF) encerrou agosto em R$ 8,145 trilhões, representando alta de R$ 205,97 bilhões em relação a julho (R$ 7,939 trilhões), ou seja, elevação de 1,59%, em termos nominais. Essa variação reflete emissão líquida de R$ 136,64 bilhões e apropriação positiva de juros de R$ 69,33 bilhões, explica o Tesouro Nacional.

A Dívida Pública Mobiliária Federal interna (DPMFi) teve seu estoque ampliado em 2,80% (termos nominais), ao passar de R$ 7,630 trilhões (julho) para R$ 7,844 trilhões, em agosto. Essa movimentação ocorreu devido a emissão líquida de R$ 136,94 bilhões e apropriação positiva de juros de R$ 76,85 bilhões.

Com relação ao estoque da Dívida Pública Federal externa (DPFe), houve variação negativa de 2,54% sobre o estoque de julho, encerrando agosto em R$ 300,23 bilhões (US$ 55,33 bilhões), sendo R$ 248,54 bilhões (US$ 45,80 bilhões) referentes à dívida mobiliária e R$ 51,69 bilhões (US$ 9,53 bilhões) relativos à dívida contratual.

As informações constam do Relatório Mensal da Dívida (RMD) referente a agosto de 2025, produzido pela Secretaria do Tesouro Nacional (STN). Os dados do material foram detalhados nesta terça-feira (30/9) em coletiva de imprensa virtual, transmitida pelo canal do Tesouro Nacional no YouTube. Nessa entrevista, o Tesouro Nacional também anunciou a revisão dos limites de referência para o estoque da DPF definidos em seu Plano Anual de Financiamento (PAF) de 2025.

Acesse material técnico referente ao Relatório Mensal da Dívida de agosto de 2025

PAF

Os limites do PAF foram originalmente estabelecidos, para 2025, entre R$ 8,1 trilhões (mínimo) e R$ 8,5 trilhões (máximo). Agora, esses patamares foram revisados para R$ 8,5 trilhões (mínimo) e R$ 8,8 trilhões (máximo). Tal ajuste reflete o volume de emissões realizado até o momento, sustentado por um ambiente de maior demanda por títulos públicos federais, explica o Tesouro. Foram mantidos parâmetros relativos à composição e à estrutura de vencimentos.

“Diante de queda nas taxas futuras nas partes intermediária e longa da curva de juros e de um ambiente de menor volatilidade em relação ao último trimestre de 2024, o Tesouro Nacional identificou uma janela de oportunidade para aumentar o volume de emissões a partir do início do ano. A estratégia foi executada de forma compatível com a demanda de mercado, sem exercer pressões significativas sobre os preços”, destalha a STN.

“A alteração no PAF é muito positiva. Reflete um ambiente muito mais saudável de emissão no ano, que permitiu ao Tesouro recompor de forma saudável o colchão de liquidez”, apontou o subsecretário de Dívida Pública, Daniel Leal.

Ele destacou que houve uma melhora da percepção dos agentes de mercado, desde janeiro, ampliando o apetite por títulos do governo, tanto no cenário interno como externo. “No mercado Internacional também tivemos uma surpresa positiva. Desde 2014, o Tesouro não fazia três operações do mesmo ano “, ressaltou Leal, em referência à emissão de um novo benchmark de 30 anos, o Global 2056 e a reabertura da atual referência de 5 anos, o Global 2030.

Também participaram da entrevista o coordenador-geral de Operações da Dívida Pública, Helano Borges Dias; o coordenador-geral Substituto de Controle e Pagamento da Dívida Pública, Daniel Mario Alves de Paula; o coordenador-geral de Planejamento Estratégico da Dívida Pública, Luiz Fernando Alves; e o coordenador-geral substituto do Tesouro Direto, Fabio dos Santos.

Conjuntura

Em análise de conjuntura, indicando os principais fatores que impactaram na gestão da dívida em agosto, o RMD destaca a perspectiva de cortes de juros pelo Fed [Federal Reserve, o banco central norte-americano] e o avanço nas negociações comerciais ampliaram o apetite por risco, elevando a atratividade dos ativos de mercados emergentes.

O Tesouro ressalta também que, em agosto, a curva de juros local apresentou perda de nível, reagindo à expectativa quanto à política monetária doméstica e às taxas globais. O CDS Brasil [Credit Default Swap, indicador que reflete o risco-país] alcançou 136 pontos-base em agosto, ante 149 pontos-base, em julho.

“Vimos um aumento do apetite ao risco dos investidores, muito em função da redução das tensões comerciais entre Estados Unidos e a China. Também em função da perspectiva de redução da taxa de juros nos Estados Unidos. Os investidores ficaram bem convictos de que essa redução iria ocorrer e isso contribuiu para o fluxo de recursos nas economias emergentes”, comentou Helano Borges.

Emissões e resgates

No mês de agosto, as emissões da DPF corresponderam a R$ 175,69 bilhões, enquanto os resgates alcançaram R$ 39,05 bilhões, resultando em emissão líquida de R$ 136,64 bilhões. Nesse total, houve parcela de R$ 136,94 bilhões referentes a emissão da DPMFi e de R$ 300 milhões de resgate na DPFe.

“Estamos com emissão líquida, ou seja, as emissões superando os resgates, de R$ 300 bilhões no ano. Isso indica que estamos aumentando o nosso colchão de liquidez, um fator positivo que ensejou a revisão do PAF”, reforçou Helano Borges.

Do total das emissões da DPMFi em agosto, houve R$ 89,23 bilhões de prefixados, R$ 59,46 bilhões remunerados por taxa flutuante e R$ 26,82 bilhões por índice de preços.

Detentores

As Instituições Financeiras permaneceram sendo os principais detentores dos títulos da dívida, com participação de 31,80 % na DPMFi em agosto, seguidas por Previdência (23,49%), Fundos de Investimento (21,28%) e Não-residentes (9,83%).

O grupo de Instituições Financeiras aumentou sua participação no estoque de DPMFi no período, saltando de R$ 2,385 trilhões, em julho, para R$ 2,494 trilhões, em agosto. O segmento de Previdência também ampliou sua fatia, indo de R$ 1,792 trilhão para R$ 1,842 trilhão. Os fundos de investimento subiram de R$ 1,658 trilhão (julho) para R$ 1,669 trilhão (agosto). Os Não-residentes ampliaram participação de R$ 752,36 bilhões, em julho, para R$ 771,45 bilhões, em agosto.

Custo médio

O custo médio do estoque da DPF acumulado em 12 meses subiu de 11,63% ao ano, em julho, para 11,65% anual, em agosto. O prazo médio da DPF caiu de 4,16 anos (julho) para 4,09 anos (agosto).

O custo médio do estoque da DPMFi acumulado em 12 meses subiu de 11,91% (julho) para 12,06% (agosto).

O custo médio do estoque da DPFe caiu de 5,04% ao ano, em julho, para 1,90% anual, em agosto. Isso reflete principalmente a depreciação do dólar em relação ao real de 3,14%, em agosto de 2025, contra a depreciação de 0,10% ocorrida no mesmo período do ano anterior, detalha o Tesouro.

Colchão de liquidez

A reserva de liquidez apresentou elevação, em termos nominais, de 14,78%, passando de R$ 988,35 bilhões, em julho, para R$ 1,134 trilhão, em agosto.

O índice de liquidez correspondeu a 7,78 meses em agosto, ante 7,75 meses em julho. Está assegurada, portanto, a manutenção do caixa prudencial acima de três meses de vencimentos à frente.

Tesouro Direto

O Tesouro Direto (TD) contabilizou vendas de R$ 6,39 bilhões e resgates de R$ 3,45 bilhões em agosto, resultando em emissão líquida de R$ 2,93 bilhões no período. O título mais demandado foi o Tesouro Selic (53,13%).

O estoque do Tesouro Direto alcançou R$ 190,20 bilhões em agosto, alta de 2,4% em relação a julho. Os títulos indexados à inflação representaram 50,95% do total. “Devemos alcançar a marca simbólicas de R$ 200 bilhões muito provavelmente ainda este ano”, afirmou o coordenador-geral substituto do Tesouro Direto, Fabio dos Santos.

As operações até R$ 5 mil responderam por 80,86% das compras no Tesouro Direto no mês passado.

O Tesouro Direto registrou 3,15 milhões de investidores ativos (variação de 18,18% nos últimos 12 meses) no mês passado, com 50.243 novos investidores ativos no período.

Setembro

O Tesouro Nacional destaca que, em agosto, a redução na taxa de juros promovida pelo Fed e a perspectiva de aceleração no ritmo de cortes aumentaram o apetite por risco e levaram ao fechamento de prêmios de emergentes.

No cenário interno, curva de juros local apresentou elevação dos vencimentos curtos, reagindo à expectativa quanto à política monetária local, enquanto parte longa refletiu à queda nas taxas de juros globais e ao movimento de apreciação da taxa de câmbio doméstica.

“Setembro teve uma certa continuidade desse ambiente mais propenso ao risco no mercado Internacional, numa leitura dos investidores de que o Fed poderia e até intensificaria o corte, a flexibilização dos juros”, comentou Helano Borges.

“Outro destaque do mês foi a emissão que fizemos: um novo benchmark de 30 anos, o Global 2056. Emitimos US$ 2,5 bilhões a uma taxa de 7,5% ao ano, que corresponde a spread de 253 pontos-base acima das Treasuries, sendo o menor prêmio nesse benchmark de 30 anos observado desde 2014”, destacou o coordenador-geral de Operações da Dívida Pública do Tesouro Nacional.


Acesse a íntegra da entrevista coletiva concedida pelo Tesouro Nacional sobre o Relatório Mensal da Dívida de agosto de 2025

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