A arrecadação total das receitas federais alcançou R$ 208,791 bilhões em agosto, retração real (já descontada a inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo — IPCA) de 1,5% sobre o resultado de igual período de 2025 (R$ 201,622 bilhões). Em termos nominais, houve crescimento de 3,56%.
No acumulado dos oito primeiros meses de 2025, a arrecadação federal somou R$ 1,888 trilhão, elevação de 3,73% em termos reais na comparação com igual período de 2024 (R$ 1,731 trilhão). Em termos nominais, o resultado acumulado entre janeiro e agosto deste ano foi 9,11% superior ao de igual período de 2024.
Os números do acumulado do ano representam o melhor desempenho arrecadatório apurado desde 1995. O resultado referente exclusivamente a agosto (queda de 1,5% sobre agosto do ano passado) seria positivo em 0,23%, se expurgados fatores não recorrentes.
As informações foram divulgadas nesta terça-feira-feira (23/09) pela Receita Federal do Brasil (RFB) em entrevista coletiva realizada na sede do Ministério da Fazenda, em Brasília. Os dados foram apresentados e detalhados pelo chefe do Centro de Estudos Tributários e Aduaneiros, Claudemir Malaquias; e pelo coordenador de Previsão e Análise da Receita Federal, Marcelo Gomide, auditores-fiscais da Receita Federal. A entrevista foi presencial e contou com transmissão ao vivo, pelo canal do Ministério da Fazenda no YouTube.
Malaquias explicou o principal motivo que provocou retração da arrecadação de agosto na comparação com igual mês do ano passado. “Em 2024, tivemos o efeito da maior da arrecadação dos tributos pelos contribuintes no Rio Grande do Sul no mês de agosto, pela postergação do pagamento de tributos por conta da calamidade enfrentada pelo estado. Ao excluirmos esses valores, saímos do desempenho negativo de 1,5% para um desempenho positivo de 0,23%”, afirmou o chefe do Centro de Estudos Tributários e Aduaneiros.
“Agosto de 2024 veio acima daquilo que normalmente era esperado para o fluxo normal. A base de comparação, que é agosto de 2024, tem R$ 3,6 bilhões a mais do que normalmente aconteceria, caso não houvesse aquele diferimento de tributos por conta das cheias”, detalhou Marcelo Gomide.
Se desconsiderados fatores atípicos (ou não recorrentes), haveria um crescimento real de 4,99% na arrecadação do período acumulado e de 0,23% na arrecadação do mês de destaca, informa a Receita.
Receitas Administradas
Considerando dados referentes exclusivamente à arrecadação de receitas administradas pela Receita Federal, o recolhimento de agosto somou R$ 201,997 bilhões. Isso significa queda de 1,53%, em termos reais, e alta de 3,52%, em termos nominais, sobre o resultado de igual mês de 2024 (R$ 195,120 bilhões).
No acumulado dos oito primeiros meses do ano, as receitas administradas pela Receita Federal somaram R$ 1,806 trilhão, representando elevação de 4,36%, em termos reais, e de 9,77%, em termos nominais, sobre o valor registrado no mesmo período de 2024 (R$ 1,645 trilhão).
Confira o material com os dados da arrecadação federal de agosto de 2025
Divisões econômicas
A equipe da Receita também apresentou dados da arrecadação de agosto de 2025 segregados por divisões econômicas, exceto receitas previdenciárias. A principal parcela (R$ 12,440 bilhões) foi oriunda do comércio atacadista, o que representa retração de 13,40% sobre agosto de 2024 (R$ 14,366 bilhões). Em segundo lugar ficou o setor de combustíveis (R$ 7,912 bilhões), queda de 4,23% sobre igual mês de 2024 (R$ 8,261 bilhões).
Em terceiro lugar, a arrecadação proveniente do comércio varejista alcançou R$ 5,488 bilhões em agosto de 2025, diminuição de 5,02% na comparação com igual mês de 2024 (R$ 5,778 bilhões). Já os recolhimentos provenientes do setor de atividades auxiliares do setor financeiro somaram R$ 4,745 bilhões em agosto, queda de 18,19% sobre o resultado de agosto de 2024 (R$ 5,800 bilhões).
Fatores
Na comparação entre agosto deste ano com igual período de 2024, há uma série de destaques que explicam o desempenho da arrecadação no mês passado, a começar pelo comportamento dos principais indicadores macroeconômicos.
A produção industrial de julho caiu 0,88% na comparação com igual mês de 2024 e a venda de bens registrou retração de 2,54%. A venda de serviços aumentou 2,78% e a massa salarial foi ampliada em 8,33%. O volume em dólar das importações caiu 8,40%.
Ainda em relação a agosto, a Receita destaca o impacto de outros fatores, como a elevação da arrecadação do IOF [Imposto sobre Operações Financeiras] em razão de alteração na legislação do tributo por meio do Decreto nº 12.499/2025. Houve decréscimos reais de 11,08% na arrecadação da estimativa mensal do IRPJ/CSLL [Imposto de Renda da Pessoa Jurídica / Contribuição Social sobre o Lucro Líquido] e de 17,67% da arrecadação do balanço trimestral.
Foi verificada queda na arrecadação do Imposto de Importação e do IPI [Imposto sobre Produtos Industrializados] vinculado à Importação, em razão, principalmente, da redução de 8,4% no volume das importações e de 1,9% na taxa de câmbio.
Detalhamento
Entre as origens de arrecadação, em agosto, a principal fonte foi a receita previdenciária, com R$ 57,982 bilhões (alta real de 0,83% em relação aos R$ 57,506 bilhões de igual mês de 2024).
Em segundo lugar entre os fatores de maior contribuição para o resultado de agosto ficou Cofins / Pis-Pasep [Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social / Programa de Integração Social – Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público], com R$ 46,242 bilhões (ante R$ 48,019 bilhões, em agosto de 2024). Ou seja, retração de 3,70%.
O terceiro lugar foi ocupado por IRPJ/CSLL [Imposto de Renda da Pessoa Jurídica/Contribuição Social sobre o Lucro Líquido], com R$ 28,933 bilhões (queda de 8,27% frente os R$ 31,540 bilhões de agosto de 2024).
Sobre o desempenho da receita previdenciária, a RFB explica que a massa salarial habitual de dezembro de 2024 a julho de 2025, apurada pela PNAD Contínua – Mensal/IBGE em todas as regiões brasileiras, apresentou acréscimo nominal de 11,43% em relação a igual período dos anos anteriores. Com atualização pelo IPCA, há um aumento de 5,96%
Além disso, a Receita ressalta que o Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), apresentou, no acumulado até julho, saldo positivo de 1.347.807 empregos no ano, o que também impactou positivamente a receita previdenciária. Também foi verificado aumento real de 4,27% na arrecadação do Simples Nacional previdenciário de agosto de 2025 em relação a agosto de 2024.
Acumulado
Em relação ao comportamento da arrecadação federal no acumulado entre janeiro e agosto (R$ 1,888 trilhão em 2025, ante R$ 1,731 trilhão, em igual período de 2024), a Receita também ressalta a importância da evolução positiva dos principais indicadores macroeconômicos ao longo do período.
Na comparação do período entre dezembro de 2024 a julho de 2025 com o intervalo semelhante anterior (dezembro de 2023 a julho de 2024), foram apuradas altas de 0,95% na produção industrial; 2,63% na venda de serviços; 11,43% na massa salarial e de 5,16% no valor em dólar das importações. Houve retração de 0,08% na venda de bens.
A Receita destaca outros fatores que impactaram o resultado acumulado dos oito primeiros meses do ano, além da variação dos indicadores macroeconômicos, na comparação com o mesmo período de 2024. Houve elevação da arrecadação do IOF, em razão de alteração na legislação do tributo por meio dos Decretos 12.467/2025 e 12.499/2025. Também foi apurada melhora no desempenho da arrecadação do PIS/Cofins em razão, entre outros aspectos, do crescimento da arrecadação do PIS/Cofins nas importações e pelas entidades financeiras.
Para o acumulado do ano, a Receita ainda destaca o crescimento da arrecadação do Imposto de Importação e do IPI vinculado à Importação, em razão do crescimento das taxas de câmbio e do aumento das alíquotas médias desses tributos. Também houve elevação da arrecadação da contribuição previdenciária em razão da redução da desoneração da folha em conformidade com a Lei nº 14.973/2024 e pelo desempenho das empresas do Simples Nacional.
Confira a entrevista coletiva de divulgação do resultado da arrecadação das receitas federais de agosto de 2025
Link da noticia – Ministério da Fazenda