Fazenda projeta PIB menor em 2025 e vê inflação mais baixa, com câmbio valorizado — Ministério da Fazenda

A Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda revisou para baixo a projeção de crescimento do PIB em 2025, de 2,5% para 2,3%, ao mesmo tempo em que reduziu a expectativa de inflação pelo IPCA, de 4,9% para 4,8%. As informações foram apresentadas nesta quinta-feira (11/9), durante coletiva de imprensa para divulgação do Boletim Macrofiscal, o Prisma Fiscal e o Panorama Macroeconômico de setembro.

Acesse a Apresentação sobre Boletim Macrofiscal em setembro

O secretário de Política Econômica, Guilherme Mello, ressaltou que o cenário internacional segue desafiador, mas com sinais positivos para o Brasil. “Os Estados Unidos têm mostrado um desaquecimento do mercado de trabalho, enquanto a taxa de desemprego tem se elevado e a média móvel de criação de empregos tem caído. O mercado de trabalho ainda não é fraco, mas certamente bem menos aquecido do que vimos no ano passado, o que se reflete no crescimento menor do PIB no primeiro semestre de 2025”, disse.

Ele destacou ainda o impacto da política monetária americana sobre os emergentes e a posição do real em relação a outras moedas. De acordo com a SPE, a perspectiva de cortes de juros pelo Federal Reserve (FED), junto com o aumento das incertezas fiscais nos Estados Unidos, tem enfraquecido o dólar frente a outras moedas, inclusive o real. “O Brasil teve um desempenho de valorização do real, de ganho de força nos últimos meses e desde o início do ano, quando nós tivemos uma desvalorização, e está no momento bem posicionado perante os seus pares”, comentou o secretário.

Política monetária

Na avaliação da subsecretária de Política Macroeconômica, Raquel Nadal, a economia brasileira apresenta sinais de moderação. “Houve uma desaceleração acentuada no ritmo de crescimento no segundo trimestre. Essa desaceleração responde à política monetária mais contracionista, que já tem causado desaquecimento nos mercados de crédito e trabalho”, explicou.

No terceiro trimestre, a desaceleração deve continuar, ainda como resposta à política monetária. No entanto, vetores como pagamento de precatórios e o aumento nas concessões de crédito consignado ao trabalhador, a partir de junho, tendem a evitar uma desaceleração mais pronunciada do crescimento. “Diante desse cenário, a SPE projeta uma expansão de 0,4% do ritmo de crescimento no terceiro trimestre e um crescimento de 2,3% para o PIB de 2025. Em julho, essa previsão de crescimento era de 2,5%”, informou.

Inflação menor

Ela também ressaltou a queda recente da inflação. “De junho a agosto, a gente viu uma redução na inflação medida pelo IPCA, que caiu de 5,4% para 5,1%. Esse movimento motivou a revisão da previsão de inflação do ano, de 4,9% para 4,8%”, afirmou.

Para a inflação medida pelo INPC, a projeção para 2025 ficou em 4,7%. Segundo a SPE, espera-se uma desaceleração mais pronunciada dos preços de alimentos à frente, com maior peso no INPC em relação ao IPCA, o que deve levar o INPC a desacelerar mais que o IPCA nos próximos meses.

Tarifas dos EUA

Outro destaque da coletiva foi um estudo do Ministério da Fazenda, apresentado pelo coordenador-geral de Projeções Econômicas da SPE, Rafael Leão, indicando que o aumento das tarifas de importação pelos Estados Unidos sobre exportações brasileiras pode gerar uma retração de 0,2 ponto percentual no PIB e resultar na perda de aproximadamente 138 mil postos de trabalho no Brasil até dezembro de 2026.

O impacto se concentra majoritariamente na indústria. “Os maiores impactos acabam se concentrando em segmentos industriais que estão fortemente integrados às cadeias globais e que possuem, portanto, uma maior exposição também ao mercado norte-americano”, salientou.

A análise da Fazenda indicou que as medidas de mitigação, como a redução do custo do crédito no âmbito do Plano Brasil Soberano, têm potencial para amortecer os efeitos negativos. Leão explicou que o Plano, “ao oferecer crédito em condições mais favoráveis para as empresas afetadas, reduz a queda do PIB praticamente pela metade, de menos 0,2 para menos 0,1 ponto percentual”. Da mesma forma, a perda de emprego “se atenua, passando de uma perda que anteriormente era de 138 mil para algo como em torno de 65 mil postos.”

Além disso, segundo ele, o estudo também reforça “a importância de políticas de diversificação de mercados e de mecanismos que possam dar apoio ao setor produtivo como instrumentos que são fundamentais para reduzir a vulnerabilidade da economia brasileira a choques, eventualmente choques comerciais externos”.


 Veja a íntegra da coletiva de apresentação do Boletim Macrofiscal – setembro/2025

Link da noticia – Ministério da Fazenda