O brasileiro prefere curso online na hora de estudar

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Foto de Chris Montgomery na Unsplash


A pesquisa Skills Outlook Employee View, divulgada nesta segunda-feira (24) no Brasil, mostra que os cursos online são a melhor forma de o brasileiro entrar no mercado de trabalho. Mais de 80% preferem cursos virtuais de curta duração. A pesquisa, feita pela Pearson em parceria com o Google, foi realizada entre agosto e setembro do ano passado com 4.000 trabalhadores no Brasil, Índia, Reino Unido e Estados Unidos, e 1.000 trabalhadores em cada país. A pesquisa foi divulgada mundialmente no último dia. 20.


Os trabalhadores brasileiros ainda valorizam a educação formal, mas pesquisas mostram que mais de 40% acreditam que podem construir uma carreira de sucesso sem um curso universitário, enquanto 34% optam por uma educação formal universitária ou treinamento de longo prazo para aprender novas habilidades. sua carreira. 22% optam por se capacitar por meio de sites e aplicativos online. O diretor de produtos da Pearson, Eduardo Leite, disse à Agência Brasil que o Brasil é como o resto do mundo, mas com algumas características. “É ainda mais urgente que os brasileiros entendam que precisam de qualificação continuada. O Brasil tem esse ápice. Entendo, esse nível de urgência é comparável ao da Índia. O Brasil também é um país onde cada vez mais pessoas estão percebendo que é possível para construir uma boa carreira sem educação formal. “Essa é uma mudança muito grande que vem sendo observada nos últimos anos”, enfatizou Leite.

Tecnologia

Pesquisas mostram que trabalhadores brasileiros ainda estão focando em soft skills. “Eu diria que o Brasil é um dos países mais interessados ​​em desenvolver tanto essas soft skills quanto as hard skills [habilidades técnicas].” De acordo com a pesquisa, as seis habilidades mais valorizadas pelos brasileiros são trabalho em equipe, liderança, idiomas, tomada de decisão, comunicação e agilidade. No entanto, isso sugere que em 5 a 10 anos, as hard skills orientadas para habilidades serão consideradas as mais necessárias. Outra coisa que é bastante forte no Brasil em comparação com o Reino Unido, o Reino Unido e até países que não falam inglês é o grande interesse e necessidade de desenvolver novos idiomas. “As habilidades que as pessoas mais se interessam em desenvolver no futuro são as línguas, principalmente o inglês, porque entendem que o inglês vai ampliar suas oportunidades de emprego. Isso é diferente dos países de língua inglesa nativa”, enfatizou o diretor.

O Brasil também mostra que os trabalhadores estão em busca de flexibilidade. Porque os problemas de mobilidade significam gastar muito tempo no transporte. Portanto, eles escolhem muita flexibilidade ou estilos de aprendizagem que fornecem flexibilidade para que os indivíduos aprendam em seu próprio ritmo ou em momentos diferentes. Esta é uma tendência crescente no Brasil. Aplicativos e plataformas online estão entre as ferramentas de aprendizagem preferidas. No entanto, os brasileiros entrevistados dizem que cursos de curta duração e educação intensiva “online”, juntamente com um diploma universitário, são uma das melhores maneiras de avançar na carreira.

Eduardo Leite observou que durante a pandemia anterior ao COVID-19, o Brasil manteve alguns preconceitos e uma maior recusa em aprender online. Mas hoje, no período pós-pandemia, os brasileiros já utilizam o aprendizado virtual como forma de alavancar suas carreiras. Nesse aspecto, o Brasil é quase como qualquer outro país. “Há uma abertura maior para formatos on-line remotos ou híbridos hoje. Ambos os modelos são agora mais aceitos. O Brasil já está alcançando outros países com modelos online mais maduros.


Continuidade

85% dos trabalhadores brasileiros planejam continuar aprendendo ao longo de suas carreiras, com 83% citando certificações, cursos de curta duração e treinamentos (aprofundados e intensivos) como suas melhores opções para o desenvolvimento profissional. Mais de 80% dos entrevistados acreditam que as universidades deveriam se envolver mais no fornecimento de programas informais para seus funcionários. Outra marca do estudo no Brasil é o crescente interesse pela microqualificação ou formas continuadas de aprendizagem. No Brasil, há um grande interesse em que as pessoas recebam treinamento adicional relacionado à sua empresa ou local de trabalho. Muitas vezes, quando as organizações ou instituições fornecem esse treinamento a seus funcionários, geralmente é muito específico e adaptado a uma nova função ou posição dentro da empresa. Temos interesses comuns. As empresas se beneficiam porque os funcionários desenvolvem suas habilidades e os funcionários atendem aos requisitos que as empresas impõem a eles para o avanço na carreira. Eduardo Leite, Outra informação interessante é que a liderança parece ser sobre pessoas se desenvolvendo e se interessando em se desenvolver. Ele enfatizou que as pessoas estão tentando ser melhores gerentes, especialmente agora com novas habilidades, e cada vez mais pessoas entendem a importância das relações humanas e até mesmo da cooperação dos próprios funcionários.

Educação

Em entrevista à Agência Brasil, Marcelo Néri, titular da Fundação Getulio Vargas Social (FGV Social), destacou que, apesar da evolução, a duração média da escolaridade dos brasileiros continua baixa. Em 1980, eram três anos. “Hoje temos uma média de 10 anos por adulto ainda baixa e, apesar desse aumento da escolaridade, a integração produtiva, ou seja, a produtividade do trabalhador brasileiro, estagnou nesse período”, observou. Néri disse que a expectativa de vida dos brasileiros aumentou significativamente e estudos mostram que a educação pode ter ajudado, mas não afetou a produtividade do trabalho de forma mais direta. Os diretores do FGV Social acreditam que mesmo as vidas mais longas exigem um aprendizado contínuo que inclui cursos online desse tipo.

As pessoas percebem que precisam de mais para se adaptar melhor ao mercado de trabalho. A educação formal no Brasil é muito fragmentada, pelo menos no nível importante, o ensino médio. Ou seja, os alunos estudam várias disciplinas, mas não são especializados e têm pouco impacto no mercado de trabalho. Quando os adolescentes prestes a ingressar no ensino médio foram questionados sobre o motivo da desistência, 42% responderam falta de interesse e 27% responderam que era porque tinham que trabalhar e não tinham renda suficiente. “Na verdade, há um grande potencial para oferecer cursos que atendam às necessidades específicas dos colaboradores em diversas fases de suas carreiras e tenham maior impacto no mercado de trabalho.” Marcelo Néri lembrou que a pandemia da Covid-19 mudou nosso entendimento sobre a realização de atividades no mundo digital, desde a educação até o mercado de trabalho. “Portanto, é natural que o interesse, a demanda e a oferta de cursos online também estejam aumentando.” Mas ele ressalta que ser requisitado não dá muita chance às pessoas no mercado de trabalho.

Curso profissionalizante

Segundo Néri, não há tradição de cursos profissionalizantes no Brasil. Existem excelentes instituições aqui, como o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC), mas elas não dão conta da dimensão do problema. Um estudo da FGV Social sobre cursos gerais de carreira constatou que quanto maior a qualidade dos cursos técnicos, como cursos de curta duração universitários, maior o impacto. “O benefício que uma pessoa obtém ao fazer um curso é maior do que alguém que concluiu, por exemplo, um ensino médio profissionalizante ou um curso básico de qualificação profissional. Quanto maior o tamanho da hierarquia do curso, maior o impacto.”


Marcelo Néri destacou os benefícios dos cursos profissionalizantes: Não encontramos efeito significativo em cursos diurnos/noturnos, presenciais ou digitais. Hoje, a pandemia trouxe grandes mudanças em muitos aspectos da vida das pessoas.” Os cursos online têm suas vantagens porque são mais adaptáveis ​​ao tempo individual, mas os cursos presenciais, onde você interage diretamente com colegas e professores, têm vantagens. Eu diria que os cursos híbridos poderiam ser uma solução para os cursos puramente digitais, embora entendamos que os cursos presenciais são mais complexos e caros”, disse o diretor do FGV Social.